sexta-feira, junho 26, 2009

alter estórias

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domingo, junho 21, 2009

Sentenças/Sentences (7ª)

a atracção pela infelicidade é uma coisa que eu tenho dificuldade em compreender

quarta-feira, junho 17, 2009

fui criada para aceitar a morte. aceitar é a palavra certa. o quarto dele foi desmontado antes que chegassem a a casa.
não fui criada para aceitar a ausência. quem é vivo está sempre presente.

terça-feira, junho 16, 2009

Mantra

Repetir 25 vezes antes de sair de casa, inspirando lentamente.

as pessoas não têm de corresponder às nossas expectativas.
não há qualquer lei cósmica que obrigue os outros a agir de acordo com os nossos desejos.

Ao chegar, exausta, redizer esta fórmula até que se desate o nó na garganta.

domingo, junho 14, 2009

return, repeat, regret

Tento discernir se o tédio lento que me invade o corpo tem qualquer coisa de épico ou se é apenas banal. Se o modo com o meu corpo se adapta à contrariedade tem qualquer coisa de vaga movendo-se de acordo com os caprichos da lua ou é apenas putrefacto cadáver sacudido pela rebentação.

Disperso-me em significados e significações mas não há neste movimento esforço. A intencionalidade, já sabemos, é fonte de mágoa e esse é um luxo a que não me quero permitir mais.

Por isso, suavemente, atravesso um tempo em que os astros não alternam, o céu mantém-se para sempre cinzento, as estações são agora um único e final apeadeiro.

O caricato é que, grandioso ou não, já todos conhecemos o meu melhor olhar.

sábado, junho 13, 2009

azáfama

fodiam como os cachorros brincam. havia um afã qualquer naquela actividade que ia para além do lógico e do seu próprio propósito. cansavam-se mais do que o necessário e o prazer era sempre menos do que esperavam. não deixavam por isso de foder e a vontade aumentava na proporção em que o faziam: como se esperassem que aquela dentada derrubasse, por fim, o adversário.

sábado, junho 06, 2009

período de nojo

não tomo banho há 34 dias.
não escovo os dentes há exactamente 72.
não corto as unhas há 182 dias e observo o seu crescimento encaracolado no sentido da carne com uma espécie de orgulho doloroso.
não escovo o cabelo desde o primeiro dia do ano.

Fumo e cotão alojam-se nos longos tubos engrenhados e, agora que os corto, libertam-se numa nuvem poeirenta. Depois de todos os nós de cabelo terem caido por terra, afio uma faca e raspo o crânio. Corto-me e observo ao espelho o sangue espastar o sarro que se acumula no pescoço e nas clavículas.

Pondero correr para a rua nua e deixar a chuva desenhar-me no corpo sulcos enquanto uma poça lamacenta se forma a meus pés.