A alma adora nadar.
Para nadar deitamo-nos de barriga. A alma desencaixa-se, e lá vai. Lá vai a nadar. (Se a sua alma partir quando você estiver de pé, ou sentado, ou de joelhos dobrados, ou de cotovelos dobrados, em cada posição diferente do corpo a alma partirá num andamento e numa forma diferentes; explicarei isso mais tarde).
Fala-se muita vez em voar. Não é isso. O que é preciso é nadar. E a alma nada como as serpentes e as enguias, nunca de outra forma.
Uma data de pessoas têm, assim, uma alma que adora nadar. Chamam.lhes vulgarmente preguiçosas. Quando a alma sai do corpo pela barriga, para nadar, opera-se uma tal libertação de não sei quê, um abandono, um prazer, uma descontracção tão íntima.
A alma vai nadar para o vão da escada, ou para a rua consoante a timidez ou a audácia do homem, pois mantém sempre um fio entre ela e ele, e se esse fio se rompesse (às vezes é muito frágil, mas seria precisa uma força terrível para romper o fio), seria um desastre para ambos (para ela e para ele).
Quando, portanto, se encontra ocupada a nadar ao longe, por esse simples fio que liga o homem à alma escoam-se volumes e volumes duma espécie de matéria espiritual, uma espécie de lama, assim como o mercúrio ou como um gás - prazer sem fim.
É por isso que o preguiçoso é incorrigível. Nunca mudará. É por isso também que a preguiça é a mãe de todos os vícios. Pois, quem há mais egoísta do que a preguiça?
Ela tem bases que o orgulho não tem.
Mas as pessoas encarniçam-se contra os preguiçosos.
Quando estao deitados, batem-lhes, despejam-lhes água fria na cabeça, e eles devem puxar rapidamente pela alma. Olham-nos então com aquele olhar de ódio, que bem conhecemos, e se observa sobretudo nas crianças.
Henri Michaux in "As Minhas Propriedades" da Fenda (1999)
Hoje passei a ser um bocadinho menos inculta...
segunda-feira, julho 21, 2008
quinta-feira, julho 17, 2008
me, myself and us
anseio a minha casa e de algum modo a minha solidão.
a minha vista sobre o topo da palmeira republicana: as minhas pernas nuas estendidas no sofá.
o meu silêncio preenchido com o aviso sonoro dos semáforos, as súbitas travagens na passadeira de peões, o autocarro em ponto morto à cor vermelha.
a televisão em constante zapping.
os meus pés descalços no soalho irregular, os meus pés descalços no mármore frio, os meus pés descalços nos mosaicos antiquados.
anseio a minha solidão e a tua companhia. o cheiro a suor masculino, o som do teclado distante. a tua música, a tua arte.
estar sozinha, estares sozinho. estarmos sozinhos juntos.
thinking about other lovers and ending up thinking about you.
a minha vista sobre o topo da palmeira republicana: as minhas pernas nuas estendidas no sofá.
o meu silêncio preenchido com o aviso sonoro dos semáforos, as súbitas travagens na passadeira de peões, o autocarro em ponto morto à cor vermelha.
a televisão em constante zapping.
os meus pés descalços no soalho irregular, os meus pés descalços no mármore frio, os meus pés descalços nos mosaicos antiquados.
anseio a minha solidão e a tua companhia. o cheiro a suor masculino, o som do teclado distante. a tua música, a tua arte.
estar sozinha, estares sozinho. estarmos sozinhos juntos.
thinking about other lovers and ending up thinking about you.
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quarta-feira, julho 09, 2008
dark city* sin city**
há alturas em que já não se escolhe porque deixou de haver como e porquê.
teço a teia onde sou aranha e presa.
teço um casulo onde não há escuridão, nem punição, nem luz, nem luxúria.
habito a minha cidade, agora.
* Director: Alex Proyas
** Directors: Frank Miler e Robert Rodriguez baseado na comics de Frank Miller
teço a teia onde sou aranha e presa.
teço um casulo onde não há escuridão, nem punição, nem luz, nem luxúria.
habito a minha cidade, agora.
* Director: Alex Proyas
** Directors: Frank Miler e Robert Rodriguez baseado na comics de Frank Miller
terça-feira, julho 08, 2008
segunda-feira, julho 07, 2008
Ó para mim no youtube!
Pois é, mas o mais importante é a participação do SOS RACISMO nestes eventos e os imigrantes e as comunidades de minorias étnicas andarem a mexer.
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