domingo, agosto 31, 2008

Da inveja...

Ele tem o crânio redondo. Ela tem o ventre firme.

Fala-me de arquitectura e eu respondo-lhe como deve ser. Que aquilo não era para mim. Que não gosto da competitividade. Que sou mais feliz assim.

Falo-lhe, porque vem a propósito, de ti e sei que ele me lamenta. Recordo os meus sonhos. Revejo-os e sinto que são exactamente os mesmos.
Respiro apesar de. Não respiro ainda.

Eu sou [e não sabia] mais do que nós. Eu sou muito mais que eu. E sou completa ainda.

Serei mais feliz se. Farei...

sábado, agosto 30, 2008

oxigénio

Quando respiravas à noite o meu corpo respirava contigo.

as minhas coxas nas tuas coxas (o contacto com a parte interior dos teus joelhos)

o meu ventre nas tuas nádegas,
o meu peito nas tuas costas
e o teu rumorejar fazia-se brisa suave, um silêncio vivo.

Porque o meu corpo fazia parte do teu sono, porque nos tocávamos sempre mesmo quando os sonhos nos afastavam: a tua mão na minha anca, o teu pé enlaçado no meu, as tuas costas contra as minhas.

Tu exalavas o meu hálito nocturno, eu inspirava o teu corpo e agora falta-me o ar.

[hoje à noite deitei-me e disse]

expirar inspirar

Socialismo 2008

- Queres beber qualquer coisa?

- Obrigada, a sério, mas estou de saida...

16 de Agosto 2008

Ao que parece, isto:

Catedral de León

Inspirou isto:MUSAC (Museo de Arte Contemporáneo de Castilla y León)
Fotos de Ana Conde

León, Asturias, Espanha

sexta-feira, agosto 29, 2008

Canso-me. Ranjo os dentes. Ocupo-me.

Cumpro.

Falho.

Iludo-me e sorrio. Sorrio uma vez mais. Sou útil.

Constranjo-me. Contraio-me. Encontro com facilidade os limites.

Só se é verdadeiramente feliz quando se incandesce qual meteorito ao atravessar a barreira da atmosfera. Entrar por ti adentro.

Só se é verdadeiramente feliz quando se repousa. Ficar dentro de ti.

quinta-feira, agosto 28, 2008

boa noite

vencida pelo sono

9 de Agosto 2008

Tempo da família.
Lugar de Santiago, Melres, Gondomar, Portugal.

8 de Agosto 2008


A generous swimming pool (for a change!)
Altura, Algarve, Portugal.

7 de Agosto 2008


Happy birthday sweet prince!
Altura, Algarve, Portugal.

4 de Agosto 2008

Smoking by the pool.
Altura, Algarve, Portugal.

1 de Agosto 2008

Trilhos pedestres "Na senda de Miguel Torga"
Trilho da Águia do Sarrilhão.
Via Nova.
Por os pés dentro d'água.


Por favor virar à esquerda.
Virámos à direita.
Conduzindo ao passo do caracol.Uma barbearia em Braga.

31 de Junho 2008

Uma barbearia em Chaves.
uma casa desenhada na minha casa...

Montalegre.
A caminho do Gerês.

30 de Julho 2008

Miranda do Douro, naturalmente.

29 de Julho 2008

Castelo Rodrigo




A caminho.




Foz Côa.


28 de Julho 2008

Pés na estrada. Zona do Douro perto da Régua.

terça-feira, agosto 26, 2008

sexta-feira, agosto 22, 2008

3 terça junho 08

os dias marcados no calendário são apenas isso. dias marcados no calendário. esforçamo-nos por reter informação datável nas nossas cabeças: quando, aniversários, metas e depois, no fim? que interesse é que isso tem? que importa se alguém nos escreve a biografia cronologicamente exacta?

Que se foda a exactidão e a certeza e a segurança e a lógica.

o tempo nas cabeças é emocional, irracional e a maior parte das vezes isso é mais do que suficiente. Quando não é, podemos sempre mentir.

[verão quente imaginado num ano esquecido nas páginas do calendário]

sexta-feira, agosto 15, 2008

Pais Vasco

Vou visitar a minha tia a Marrocos,
HipHop
Vou visitar a minha tia a Marrocos,
HipHop
Visitar a minha tia
Visitar a minha tia
Visitar a minha tia
A Marrocos
HipHop

A little vacation non sense

terça-feira, agosto 12, 2008

à tua sombra


em trás-os-montes

imagens persistentes

uma coxa, a tua.
um carro, o teu.
a pressão da coxa contra o volante.

desviei o olhar mas a imagem persiste.

Explicação da ausência

Desde que nos deixaste o tempo nunca mais se transformou
Não rodou mais para a festa não irrompeu
Em labareda ou nuvem no coração de ninguém.
A mudança fez-se vazio repetido
E o a vir a mesma afirmação da falta.
Depois o tempo nunca mais se abeirou da promessa
Nem se cumpriu
E a espera é não acontecer - fosse abertura -
e a saudade é tudo ser igual.

Daniel Faria - Explicação das árvores e outros animais.
in Poesia das Edições Quasi

Le crime parfait

J'ai regardé mes mains
Me demandant jamais si
Elles
Ont tué

Me demandant

Qui
Mes main-là

Quand
Ces mains-ci



Me demandant
Si jamais

Je ne sais honnêtement
Répondre

Louis Aragon (1897-1982)
in Rouxinol do Mundo de Manuel Alegre (selecção e tradução) aqui na versão original porque este francês até eu entendo e sinceramente era mais bonito assim.

Farai un vers / Farei um poema

Farei um poema de puro nada
nem de mim nem de ninguém,
nem juventude nem amada,
nem outro alguém,
só que andei a trová-lo
dormindo sobre um cavalo.

Não sei a hora em que fui nado,
não sou alegre nem irado,
nem reservado nem estranho,
culpa não tenho,
que deste modo fui fadado
de noite numa montanha.

Amada tenho, não sei quem é:
que nunca a vi, por minha fé;
não fui cortês nem descortês
e não me importa:
que nunca tive normando nem francês
dentro da porta.

Quero-lhe muito e nunca a vi;
e nem favor ou desfavor eu tiro dela;
pouco me importa se não está aqui;
nem sequer presta:
sei de outra mais gentil e que é mais bela,
melhor do que esta.

Não sei sequer onde ela habita,
se na montanha ou na planície;
o mal que ela me fez eu não o disse,
calado estou;
Que ela aqui esteja é uma desdita,
e assim me vou.

Fiz um poema não sei de quê;
e vou mandá-lo para quem
há-de enviá-lo para outrem
a Poitiers,
o qual me enviará de sua lavra
a contraclava.

Guillaume, IX Duque da Aquitânia e VII Conde de Poitiers (1071-1227)
in Rouxinol do Mundo de Manuel Alegre (selecção e tradução)

poesia de verão

a poesia é...

não sei ler poesia. sou tola o suficiente para gostar essencialmente de poemas de amor. talvez seja apenas romântica.

de qualquer forma, depois de uma má experiência com um certo fulano armado em poeta, tinha arredado o género da minha vida.

reconciliei-me. ainda bem. continuo sem saber lê-la mas entre sobressaltos, bocejos e pontos de interrogação, comecei a fazer uma pequenina selecção de poemas de que gosto escolhida de entre a pequeníssima colecção de livros de poesia que possuo e outro delicadamente (deliciosamente) cedido.

uma série para ser desenvolvida nas 4 estações.