segunda-feira, agosto 31, 2009

RIP

Trouxe um dia, a este espaço egoista onde me movo, aquilo que achei ser uma homenagem ao teu amor. Repito-a hoje porque sei, cada vez com maior realidade, que quando os nossos amores morrem há livros que nunca mais se abrirão.

Tu és agora um livro para sempre fechado, uma gargalhada que apenas revisitarei em sonhos. O espaço que desocupaste no mundo, nas nossas vidas, na minha vida é enorme. A piada que faremos a seguir, meu amor, só nós conhecemos.

Eras um valente, um sábio, um generoso amigo mas isso todos sabem. Para mim continuas a ser, essencialmente, um tipo muito bem educado. Sei que me entenderás.

Perdoa a minha ausência no teu momento mais humano.

"Sábado, Janeiro 07, 2006
dos gelados, dos perfumes e dos locais onde não iremos mais...
Uma homenagem a duas pessoas que não sabiam onde acabava um e começava o outro..."


Limites

Há uma linha de Verlaine que não mais recordarei,
Há uma rua próxima vedada aos meus passos,
Há um espelho que me viu pela última vez,
Há uma porta que eu fechei até ao fim do mundo.
Entre os livros da minha biblioteca (estou a vê-los)
Algum existirá que já não abrirei.
Este Verão farei cinquenta anos;
A morte, incessantemente, vai-me desgastando.

De Inscriptiones (Montevideu, 1923)
de Julio Platero Haedo
in Poemas Escolhidos de Jorge Luís Borges


João Antunes, Março de 1963 - 31 de Agosto de 2009

sábado, agosto 01, 2009

Açores

Estive nos Açores para testemunhar os 50 anos de casamento de um casal da ilustre comunidade faialense.
Fernando Melo*, no seu discurso, disse: "Quero agradecer-vos o favor de serem meus amigos" e explicou "a amizade é um favor que nos prestam e que eu tento retribuir".

Eu também.









* Foi Professor da Escola do Magistério da Horta, onde se formou em 1952. Desempenhou funções de coordenação educativa (na Junta Governativa em 1976, na Telescola, no Centro de Apoio Tecnológico e outras). Desenvolveu uma vasta actividade redactorial, na Terceira (DiárioInsular) e no Faial (Telégrafo, Correio da Horta e Tribuna das Ilhas), colaborando também com outros jornais açorianos, do continente e das comunidades portuguesas nos EUA. Destaque articular merece a colaboração em várias estações de rádio mas, em especial, na RTP-Açores, de que foi o primeiro jornalista correspondente no Faial. Autor de muitos programas televisivos incidindo em trabalhos de pesquisa histórica sobre os Açores, as suas gentes e as suas circunstâncias.
Expressiva é também a actividade literária, do comentário à crónica, da poesia ao ensaio. Publicou os livros «Fragmentos de Memória» (1993) e a «A Prenda de Natal… e outras histórias» (2003).
Fernando Melo é natural de S. João do Pico (4/10/1932).