Trouxe um dia, a este espaço egoista onde me movo, aquilo que achei ser uma homenagem ao teu amor. Repito-a hoje porque sei, cada vez com maior realidade, que quando os nossos amores morrem há livros que nunca mais se abrirão.
Tu és agora um livro para sempre fechado, uma gargalhada que apenas revisitarei em sonhos. O espaço que desocupaste no mundo, nas nossas vidas, na minha vida é enorme. A piada que faremos a seguir, meu amor, só nós conhecemos.
Eras um valente, um sábio, um generoso amigo mas isso todos sabem. Para mim continuas a ser, essencialmente, um tipo muito bem educado. Sei que me entenderás.
Perdoa a minha ausência no teu momento mais humano.
"Sábado, Janeiro 07, 2006
dos gelados, dos perfumes e dos locais onde não iremos mais...
Uma homenagem a duas pessoas que não sabiam onde acabava um e começava o outro..."
Limites
Há uma linha de Verlaine que não mais recordarei,
Há uma rua próxima vedada aos meus passos,
Há um espelho que me viu pela última vez,
Há uma porta que eu fechei até ao fim do mundo.
Entre os livros da minha biblioteca (estou a vê-los)
Algum existirá que já não abrirei.
Este Verão farei cinquenta anos;
A morte, incessantemente, vai-me desgastando.
De Inscriptiones (Montevideu, 1923)
de Julio Platero Haedo
in Poemas Escolhidos de Jorge Luís Borges
João Antunes, Março de 1963 - 31 de Agosto de 2009
segunda-feira, agosto 31, 2009
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2 comentários:
Os bons amigos ficam para sempre no nosso coração...
A última imagem que tenho dele é aquele sorriso zombeteiro que ele lançava às armadilhas do mundo para desarmá-las. E dela, um novo tipo de doçura. Continuarao nos nossos sonhos, seguirao connosco.
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